Desde esta tarde, o Presidente guineense, José
Mário Vaz, está reunido com o Conselho de Estado, uma semana depois de outra
reunião deste órgão ter desembocado na discórdia. Tal como na semana passada,
está a ser examinada a proposta de saída de crise do Presidente da ANP,
Cipriano Cassamá, que preconiza uma estratégia para a implementação dos Acordos
de Conacri assinados em Outubro de 2016.
Deste roteiro consta nomeadamente a proposta da
formação de um novo governo de consenso. Este novo executivo, a ser chefiado
por Augusto Olivais do PAIGC, iria abranger os cinco partidos com representação
no Parlamento, esta proposta prevendo que o PAIGC ficaria com 17 pastas e o PRS
com 12 postos ministeriais. O PCD, a UM e o PND, teriam respectivamente uma
pasta.
Num contexto em que é difícil antever os resultados
das discussões, a comunidade internacional não tem deixado de dar conta da sua
preocupação. Com efeito, ainda antes da reunião do Conselho de Estado, o
Presidente José Mário Vaz recebeu os representantes em Bissau do chamado
"P5", Nações Unidas, Uniao Africana, CEDEAO, Uniao Europeia e CPLP.
Na sequência deste encontro, em comunicado
conjunto, os representantes da comunidade internacional, deram conta da sua
"preocupação" perante a escalada verbal à qual se tem assistido nos
últimos dias entre os actores políticos do país. O "P5" fez um apelo
para que "todos os actores políticos na Guiné-Bissau coloquem os melhores
interesses da nação no centro das suas acções". O "P5"
considerou ainda "os acordos de Conacri como sendo a estrutura preferida
para resolver a crise na Guiné-Bissau". Ovídeo Pequeno, o embaixador da UA
em Bissau, evocou o teor da audiência com José Mário Vaz.
Ovídeo Pequeno, representante da UA em Bissau, em
declarações recolhidas pelo correspondente da RFI em Bissau Mussa Baldé.
Refira-se que paralelamente, também hoje, o chefe
do governo guineense, Umaro Sissoco Embaló, de regresso de uma visita à Nigéria
e ao Senegal, evocou à sua chegada as temáticas que abordou com os dirigentes
desses países, designadamente a ameaça proferida há dias pelo Presidente da
Comissão da CEDEAO, Marcel de Souza, de retirar os cerca de 500 soldados da
ECOMIB estacionados na Guiné-Bissau, se não se encontrasse uma saída de crise
para o país.
Na óptica de Umaro Sissoco é "extemporânea"
a presença dos soldados da ECOMIB na Guiné-Bissau. Ao argumentar ter
"confiança nas forças de segurança guineenses", o Primeiro-Ministro
guineense declarou que o Presidente da Comissão da CEDEAO "não tem
competências para pressionar o Presidente de um país". Poucos dias depois
de ter tratado de "mentiroso" Marcel de Souza por ter dito que tinha
luz verde dos dirigentes da CEDEAO para começar a retirada das tropas em Abril,
o chefe do governo guineense reiterou as suas acusações, comentando
nomeadamente que "A Nigéria recebeu com estranheza as declarações do
presidente da comissão da CEDEAO".
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