quinta-feira, 16 de março de 2017

Reunião do Conselho de Estado guineense em contexto de "preocupação" do "P5"


Desde esta tarde, o Presidente guineense, José Mário Vaz, está reunido com o Conselho de Estado, uma semana depois de outra reunião deste órgão ter desembocado na discórdia. Tal como na semana passada, está a ser examinada a proposta de saída de crise do Presidente da ANP, Cipriano Cassamá, que preconiza uma estratégia para a implementação dos Acordos de Conacri assinados em Outubro de 2016.
Deste roteiro consta nomeadamente a proposta da formação de um novo governo de consenso. Este novo executivo, a ser chefiado por Augusto Olivais do PAIGC, iria abranger os cinco partidos com representação no Parlamento, esta proposta prevendo que o PAIGC ficaria com 17 pastas e o PRS com 12 postos ministeriais. O PCD, a UM e o PND, teriam respectivamente uma pasta.
Num contexto em que é difícil antever os resultados das discussões, a comunidade internacional não tem deixado de dar conta da sua preocupação. Com efeito, ainda antes da reunião do Conselho de Estado, o Presidente José Mário Vaz recebeu os representantes em Bissau do chamado "P5", Nações Unidas, Uniao Africana, CEDEAO, Uniao Europeia e CPLP.
Na sequência deste encontro, em comunicado conjunto, os representantes da comunidade internacional, deram conta da sua "preocupação" perante a escalada verbal à qual se tem assistido nos últimos dias entre os actores políticos do país. O "P5" fez um apelo para que "todos os actores políticos na Guiné-Bissau coloquem os melhores interesses da nação no centro das suas acções". O "P5" considerou ainda "os acordos de Conacri como sendo a estrutura preferida para resolver a crise na Guiné-Bissau". Ovídeo Pequeno, o embaixador da UA em Bissau, evocou o teor da audiência com José Mário Vaz.
Ovídeo Pequeno, representante da UA em Bissau, em declarações recolhidas pelo correspondente da RFI em Bissau Mussa Baldé.
Refira-se que paralelamente, também hoje, o chefe do governo guineense, Umaro Sissoco Embaló, de regresso de uma visita à Nigéria e ao Senegal, evocou à sua chegada as temáticas que abordou com os dirigentes desses países, designadamente a ameaça proferida há dias pelo Presidente da Comissão da CEDEAO, Marcel de Souza, de retirar os cerca de 500 soldados da ECOMIB estacionados na Guiné-Bissau, se não se encontrasse uma saída de crise para o país.
Na óptica de Umaro Sissoco é "extemporânea" a presença dos soldados da ECOMIB na Guiné-Bissau. Ao argumentar ter "confiança nas forças de segurança guineenses", o Primeiro-Ministro guineense declarou que o Presidente da Comissão da CEDEAO "não tem competências para pressionar o Presidente de um país". Poucos dias depois de ter tratado de "mentiroso" Marcel de Souza por ter dito que tinha luz verde dos dirigentes da CEDEAO para começar a retirada das tropas em Abril, o chefe do governo guineense reiterou as suas acusações, comentando nomeadamente que "A Nigéria recebeu com estranheza as declarações do presidente da comissão da CEDEAO".

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