De passagem por Paris, o dirigente beninense Marcel de Souza, presidente da Comissão da CEDEAO, concedeu uma entrevista esta manhã à RFI durante a qual abordou a crise da Guiné-Bissau. Ao declarar que os acordos de Conacri não estão a ser respeitados, Marcel de Sousa referiu igualmente que a CEDEAO pondera a possibilidade de retirar as tropas da ECOMIB da Guiné-Bissau.
"Os acordos de Conacri não estão a ser respeitados. Durante a última conferência de chefes de estado da CEDEAO no dia 17 de Dezembro em Abuja, os chefes de estado pediram ao Presidente guineense José Mário Vaz que aplique os acordos de Conacri", declarou Marcel de Souza antes de acrescentar que "Agora, têm uma estratégia que vão implementar para pressionar o Presidente guineense de modo que os acordos sejam aplicados".
Ao referir que os dirigentes regionais lhe deram luz verde para começar a desmobilizar a ECOMIB, o dirigente da Comissão da CEDEAO justifica que "Hoje temos 543 soldados que nos custam caro, que sustentamos. Não podemos continuar a assistir eternamente o país. Portanto, pensamos que vamos começar a desmobilização no mês de Abril".
Refira-se que em meados de Outubro do ano passado, os actores políticos do país tinham chegado a um acordo em Conacri para a nomeação de um primeiro-ministro de consenso que "deveria ficar em funções até às eleições legislativas de 2018". Nos termos desses mesmos acordos, os dirigentes políticos do país comprometiam-se a formar um novo “governo inclusivo” de acordo com um “organigrama negociado de forma consensual com todos os partidos políticos representados no parlamento, seguindo o princípio da representação proporcional”.
A 18 de Novembro de 2016, o Presidente José Mário Vaz nomeou Umaro Sissoko como Primeiro-Ministro, esta opção tendo imediatamente suscitado a rejeição de vários sectores, nomeadamente do partido maioritário, o PAIGC, para o qual esta nomeação não corresponde ao que tinha sido estabelecido durante as negociações de Conacri. Apesar de tentativas de pressões diversas dos países da região, até ao momento não se conseguiu sanar a situação política da Guiné-Bissau.
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