Após as últimas eleições tidas como justas e transparentes, ainda não
percebi quando foi findado o governo de transição. Até agora não senti esse
corte. Sinto que ainda vivemos na transição para a estabilidade e tranquilidade
verdadeira e necessária! Verdadeira no sentido transparente: sem “jogos e
joguinhos”, sem dia de “cair”. Estamos sempre na espectativa!
Todo este tempo temos vivido “manobras” para alterar o sentido do voto
dos Guineenses. Se a democracia foi aceite por nós como o melhor modelo, não vejo
o porquê de não convivermos no respeito escrupuloso das suas exigências e
responsabilidades: aceitação do jogo democrático. Mesmo quando não nos
favorece!
Deliberadamente os políticos sem serem políticos, os democratas sem
causa, têm-nos feito perder tempo por conta de ambição, maldade, como se
desconhecessem importância do momento pós-eleitoral.
Houve uma maioria.
Houve um partido que venceu as eleições de forma clara e inequívoca. E
houve outros partidos que perderam!
A esperança em dias melhores que depositámos nestas últimas eleições:
Desta vez é a vez! Ainda não se concretizou!
...E tenho dúvidas do momento em que se vai concretizar.
Mas voltemos ao essencial! Porquê PAIGC à deriva?
Porque provavelmente não estaríamos nesta situação de instabilidade caso
o partido estivesse unido. Não estaríamos nesta situação de “jogos” constantes,
caso o partido valorizasse cada voto recebido, e falasse a uma só voz.
Caso o partido tivesse pessoas de convicções, com ideologia o jogo seria
outro! Mas infelizmente o que o fundador, Amílcar Cabral, já sentia, e via,
essa tendência nem com tempo desapareceu: Imprevisibilidade, deslealdade,
intrigas e traições, infelizmente ainda hoje estão presentes e apontados como
um dos grandes males deste partido.
O PAIGC esta a perder identidade porque está rodeado de pessoas que não
sentem o partido, não respiram sua ideologia!
Se o partido dos libertadores fosse unido, coeso dificilmente esta
instabilidade que se tem vivido seria sentida. Pois! O partido é constituído
por pessoas. Pessoa com as suas fragilidades - é certo, mas infelizmente, conta
com muitos antissociais, egoístas e antipatriotas.
Porque fizemos eleições? Para esta instabilidade!? Santa Paciência!
Para vivermos em turbulências?! De longos períodos de ausência de
governos, de governos provisórios? De governo Cai-não- cai?
Não há estabilidade para o país. Não há clareza nas atuações dos
governantes em relação as suas pretensões.
Com o seu “modus operandis” afugentam possíveis investidores, apagam com
a quase inexistência credibilidade externa e contribuem para uma maior
fragilização da economia.
Em 4 anos de legislatura contamos com quase 2 anos de indecisão.
Um periodo de pequenos avanços e grandes recuos, de muita retórica,
palavras fabricadas, discursos bonitos, politicamente correctas em alguns
casos, incendiários noutros.
Contamos com espíritos em exaltação e esperanças beliscadas.
Onde os que mais reclamam, ou criticam parecem os culpados: Culpados!?
Porque querem e lutam por melhores condições de vida do seu povo? Porque estão
inconformados?
É manifestamente incompressível, um país pequeno, rico em recursos
(inclusive pessoas), fácil seria de governar se houvesse vontade e verdade. Este
mesmo país a procura indefinidamente de um sentido! Um rumo!
PAIGC, tem de acordar, a realidade é outra!
Quem desconhece a história, não respeita as regras e é desleal, só tem
uma leitura, não é libertador. Mas sim refém de complexos e com ausência de
sentido estado. O seu interesse é outro, mas não o de servir seu País.
Aguardo com expectativa o cenário que se advinha na Assembleia, órgão
importante no cenário político, pela representatividade dos cidadão.
Expectante, por um lado para verificar o posicionamento do maior partido da
oposição, PRS que outrora votara a favor OGE e que, segundo consta, é um
orçamento de continuidade do anterior governo onde faziam parte e para o qual
todos os deputados do PAIGC votaram também a favor. Penso que o sentido de voto
será o mesmo! Aliás falamos de partidos e deputados sérios e responsáveis! Com
certeza a coerência prevalecerá! Ou não!?
Aguardo com expectativa saber como posicionarão, todos os deputados do
PAIGC, o sentido de voto na aprovação do OGE (Orçamento Geral de Estado).
Espero e desejo que os deputados que representam directamente o
eleitorado, conhecendo as suas dificuldades de vida, saibam exactamente o seu
papel no Parlamento. Que percebam o porquê de ali estarem e dignifiquem a casa
da democracia, pessoas e País. Que sintam o sofrimento do seu povo - não fechem
os olhos à extrema pobreza. E não se conformem com injustiças e desigualdades
sociais. Percebam a sua importância na esperança das pessoas e contribuam na
inversão do atual cenário: saúde precária, educação incerta, os investidores
retraídos, os bens de primeira necessidade aumentados, aumento da
criminalidade. Ou seja, total incerteza em dias melhores.
Que fiquem do lado do seu povo! Não cedam a “negociatas”, ou vendas de
consciências. Que façam o seu trabalho e cumpram o seu dever, representar e bem
o seu povo. Que sirvam única e exclusivamente o povo. Sejam humanistas,
portadores de consciência limpa mesmo e sabendo nós no país em que estamos, não
é de todo fácil, e tenho noção que peço sacrifícios. Mas o povo da Guiné-
Bissau merece!
Merece o vosso empenho por causas justas e transparentes.
O cenário em que estamos era evitável! Se cada um pensar, certamente
saberá a quota-parte que lhe cabe de responsabilidades -uns mais que outros, é
certo!
Que fique claro, bem claro, que nenhum político desde o topo dos órgãos
de soberania nos faz um favor em nos “servir” enquanto povo, ou em prestarem
seus serviços. Se ocupam esses cargos, é porque se disponibilizaram lhes demos
o voto, confiamos o nosso destino em suas mãos.
São pagos para e por isso. Devem apresentar contas, resultados na gestão
da coisa pública e guiar o país com responsabilidades.
...Mas também sei que os cargos não são eternos. Mal de nós se fossem!
Por isso, façam e desfaçam, o povo há-de julgar!
Para se desenvolver um país, tem de se dar a Paz, a estabilidade e
tranquilidade às pessoas. Desconheço outra fórmula para o progresso ambicionado
que não esta!
Nada contra as pessoas! Tudo a favor do País. Porque... Guiné-Bissau e
seu povo Primeiro.
Amelia Costa Injai, Guinieense
Gestora Comercial,
Licenciada em Ciências da Comunicação e Cultura, Formação em Gestão e Liderança
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