Repórteres
Sem Fronteiras condena suspensão da RTP e RDP na Guiné-Bissau
A organização Repórteres Sem
Fronteiras (RSF) condenou hoje a suspensão das atividades da RTP e da RDP na
Guiné-Bissau, considerando que é "uma grave violação da liberdade de
expressão e do direito de acesso à informação".
Num comunicado enviado à agência
Lusa, a organização considerou que "não é normal que os jornalistas paguem
o preço de conflitos políticos".
"Ao encerrar estes meios de
comunicação social para pressionar Portugal, a Guiné-Bissau fica privada de
vozes essenciais que contribuem para a pluralidade de opiniões em tempo de
crise", referiu a organização de defesa da liberdade de imprensa.
Na sexta-feira, o ministro da
Comunicação Social guineense, Vítor Pereira, anunciou a suspensão das
atividades da RTP, da RDP e da agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a
caducidade do acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado
entre Lisboa e Bissau.
No entanto, posteriormente,
anunciou que o Governo guineense recuou na decisão de suspender a atividade da
agência Lusa naquele país, mantendo-se a decisão no caso da RTP e RDP.
Um dia depois, o ministro
guineense convocou nova conferência de imprensa, em que justificou que a
decisão de suspensão das atividades da rádio e televisão portuguesas no país
"não é uma questão política, mas apenas técnica".
Segundo a RSF, por detrás das
razões oficiais invocadas pelas autoridades guineenses, "parece que o
Presidente guineense, José Mário Vaz, e o seu Governo querem fazer calar os
media alinhados com o Governo de Lisboa, que também estará a tomar partido na
crise política que afeta" a Guiné-Bissau há mais de um ano.
A organização recordou que no dia
do anúncio da suspensão, o Governo português referiu num comunicado oficial que
"não exerce qualquer controlo editorial sobre a RTP, RDP e Lusa",
sublinhando que estes meios de comunicação social "têm a mesma
independência e imparcialidade em Bissau como têm em todos os países em que
estão presentes".
A RSF recorda ainda que a
Guiné-Bissau ocupa o lugar 79 no seu índice mundial de liberdade de imprensa
este ano.
A Guiné-Bissau tem vivido uma
situação de crise institucional desde as últimas eleições, com um afastamento
entre o partido vencedor das legislativas e o Presidente da República, também
eleito.
O atual Governo da Guiné-Bissau,
de iniciativa presidencial, não tem o apoio do partido que ganhou as eleições
com maioria absoluta e este impasse político tem levado vários países, entre os
quais Portugal, e instituições internacionais a apelarem a um consenso.
FV/DN
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