terça-feira, 4 de julho de 2017

Repórteres Sem Fronteiras condena suspensão da RTP e RDP na Guiné-Bissau

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou hoje a suspensão das atividades da RTP e da RDP na Guiné-Bissau, considerando que é "uma grave violação da liberdade de expressão e do direito de acesso à informação".
Num comunicado enviado à agência Lusa, a organização considerou que "não é normal que os jornalistas paguem o preço de conflitos políticos".
"Ao encerrar estes meios de comunicação social para pressionar Portugal, a Guiné-Bissau fica privada de vozes essenciais que contribuem para a pluralidade de opiniões em tempo de crise", referiu a organização de defesa da liberdade de imprensa.
Na sexta-feira, o ministro da Comunicação Social guineense, Vítor Pereira, anunciou a suspensão das atividades da RTP, da RDP e da agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a caducidade do acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado entre Lisboa e Bissau.
No entanto, posteriormente, anunciou que o Governo guineense recuou na decisão de suspender a atividade da agência Lusa naquele país, mantendo-se a decisão no caso da RTP e RDP.
Um dia depois, o ministro guineense convocou nova conferência de imprensa, em que justificou que a decisão de suspensão das atividades da rádio e televisão portuguesas no país "não é uma questão política, mas apenas técnica".
Segundo a RSF, por detrás das razões oficiais invocadas pelas autoridades guineenses, "parece que o Presidente guineense, José Mário Vaz, e o seu Governo querem fazer calar os media alinhados com o Governo de Lisboa, que também estará a tomar partido na crise política que afeta" a Guiné-Bissau há mais de um ano.
A organização recordou que no dia do anúncio da suspensão, o Governo português referiu num comunicado oficial que "não exerce qualquer controlo editorial sobre a RTP, RDP e Lusa", sublinhando que estes meios de comunicação social "têm a mesma independência e imparcialidade em Bissau como têm em todos os países em que estão presentes".
A RSF recorda ainda que a Guiné-Bissau ocupa o lugar 79 no seu índice mundial de liberdade de imprensa este ano.
A Guiné-Bissau tem vivido uma situação de crise institucional desde as últimas eleições, com um afastamento entre o partido vencedor das legislativas e o Presidente da República, também eleito.

O atual Governo da Guiné-Bissau, de iniciativa presidencial, não tem o apoio do partido que ganhou as eleições com maioria absoluta e este impasse político tem levado vários países, entre os quais Portugal, e instituições internacionais a apelarem a um consenso.
FV/DN

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