ESTARÁ JOSÉ MÁRIO
VAZ A FAVOR OU CONTRA O ACORDO DE CONACRI?
Ouvi com atenção a conferência de imprensa do
Presidente da República, José Mário Vaz e fiquei perplexo com as declarações de
Mário Vaz sobre o Acordo de Conacri.
Por um lado, o Chefe de Estado diz ter indicado os três nomes para a
chefia do Governo. E sublinhou o facto de o comunicado final ter feito uma
ênfase na indicação de alguém que fosse da sua confiança. E que esta pessoa
(Umaro Cissoco Embalo) lhe oferecia melhores garantias para a abertura da ANP e
a aprovação do Programa do Governo e o Orçamento. Um facto que, nas suas
palavras, "infelizmente" não aconteceu.
Por
outro lado -- e aqui está a minha maior perplexidade -- o PR disse não ter
assinado o Acordo de Conacri.
Ao
insinuar a sua não-assinatura do Acordo de Conacri, estará o Chefe de Estado a
ilibar-se de quaisquer responsabilidades sobre o mesmo?
Como é que o Chefe de Estado pode se livrar do Acordo de Conacri se,
como ele afirma, ser ele próprio a pessoa quem indicou os três nomes para a
chefia do governo, precisamente no âmbito do mesmo acordo?
Não terá sido a chefia do governo (por indicação do próprio Chefe de
Estado) o maior entrave à aplicação do Acordo de Conacri?
Caso para dizer, este Acordo de Conacri está a dar cabo de nós!
Em vez de uma atitude de distanciamento, Mário Vaz tinha a
responsabilidade e a obrigação de explicar ao povo guineense (e à comunidade
internacional) os passos a seguir para o desbloqueio do país, também à luz do
Acordo de Conacri.
Mas, se o Acordo de Conacri já não tem a capacidade de desbloquear o
país (devido às diferenças de interpretação), então o Chefe de Estado, como o
maior garante do respeito constitucional, tem também a responsabilidade e a
obrigação de o dizer publicamente, sem rodeios e sem equívocos.
A Guiné-Bissau precisa de certezas e de amostras de capacidade por parte
da sua primeira figura do Estado, na resolução dos seus problemas.
Cordialmente,
Umaro Djau, 25 de Maio de 2017
FV/BD
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