O
líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau, Nuno
Nabian, acusou o Presidente guineense, José Mário Vaz, de estar a perseguir os
seus adversários políticos através da justiça.
Nuno
Gomes Nabian, candidato derrotado pelo atual Presidente da Guiné-Bissau, na
segunda volta das eleições presidenciais de 2014, acusou esta quinta-feira
(05.01), José Mário Vaz, de instrumentalizar a justiça para implementar a
ditadura, de ser o principal fator de instabilidade e promotor da divisão no
seio da população guineense.
O
político, que é líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da
Guiné-Bissau (APU-PDG) considerou o chefe de Estado da Guiné-Bissau como o
"pior Presidente do país de todos os tempos" por não conhecer e
respeitar as leis.
"É
o pior Presidente que passou pela história da Guiné-Bissau, perdeu a
legitimidade do povo. Cometeu a pior asneira quando disse que tem poderes para
mandar matar, prender e espancar. O Presidente está perdido e anda a fazer
perseguição política".
Nuno
Nabian foi ouvido esta quinta-feira no âmbito de um processo de inquérito
aberto pelo Ministério Público para que esclareça as denúncias que fez segundo
as quais estaria em marcha um alegado plano para prender e destituir de funções
o líder do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá.
Numa
reunião do seu partido, Nuno Nabian afirmou estar na posse de informações que
apontavam pela iminência da execução do alegado plano que segundo disse
"teria como objetivo levar o Parlamento - sem Cipriano Cassamá- a aprovar
o programa do Governo de Umaro Sissoco Embaló". Nabian disse ter prestado
depoimento que sustente a sua denúncia e que continuará a criticar o
comportamento do Presidente da República.
"Reafirmei
que aquilo que tinha dito na reunião do partido. Foi uma declaração
política partindo do princípio daquilo que é o dia-a-dia em Bissau. Não é
a primeira vez que tentam assaltar a Assembleia Nacional Popular. No passado,
ouve um assalto e tentaram constituir uma nova mesa".
O
líder da APU-PDGB ao sair da audiência, que durou cerca de quatro
horas, foi acompanhado por centenas de militantes do seu partido até à sua
residência.
Estava
também prevista para esta quinta-feira, a audição do líder do PAIGC, Domingos
Simões Pereira, mas a sessão ficou adiada porque a Assembleia Nacional Popular
entende que o político, que é deputado da nação, goza de uma imunidade
parlamentar. Para o Procurador-geral da República, António Sedja
Man, ninguém está acima da lei e argumenta que antes de ser deputado
Domingos Simões Pereira é um cidadão.
"A
lei está acima de todos os cidadãos na Guiné-Bissau. Foi chamado na
qualidade de apenas denunciante. Chamado e notificado pelo órgão
competente como único detentor de ação penal e esse cidadão não comparece
e acha que quer colaborar com a justiça? Antes de ser deputado é um cidadão e
qualquer cidadão deve responder à justiça".
Em
comunicado de imprensa, o PAIGC acusa o Ministério Público de ser parcial e de
andar a reboque do Presidente guineense. O PAIGC fala de perseguição política e
de intimidação aos seus líderes. Sedja Man disse que todos devem colaborar com
a justiça na qualidade de denunciantes.
"Nós
somos imparciais. Trabalhamos com objetividade e isenção. Os processos vão
avançar e serão ouvidos como denunciantes como qualquer cidadão".
Em reação à denúncia do líder da APU-PDGB, o
Parlamento responsabilizou o Presidente guineense, José Mário Vaz, pelo alegado
plano e disse estar na posse de "sinais evidentes" que apontam para a
execução da iniciativa.
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