Presidente do PAIGC acusa PR pela
crise e espera que Comité de Sanções da ONU seja activado
O presidente do PAIGC, o partido mais votado nas
eleições na Guiné-Bissau, acusou, uma vez mais o Presidente da República de ser
o responsável pela crise actual no país, ao optar por não cumprir nem as leis
do país, nem o Acordo de Conacri.
Domingos Simões Pereira diz aguardar que a
comunidade internacional, nomeadamente o Conselho de Segurança das Nações
Unidas que debate a amanhã a situação do país, e a CEDEAO assumam as suas
responsabilidades.
Em entrevista à VOA, afirma esperar que o Comité de
Sanções deve ser activado.
Domigos Simões Pereira, que se encontra em Nova
Iorque na sua ofensiva diplomática, diz ter chegado o momento de a comunidade
internacional, nomeadamente o Conselho de Segurança das Nações Unidas que, em
princípio, deve renovar a missão na Guiné-Bissau por um ano.
O antigo primeiro-ministro aponta o dedo ao
Presidente da República, a quem acusa de não respeitar a lei nem o Acordo de
Conacri e, por isso, acredita ser “o momento também de se activar o Comité de
Sanções contra aqueles políticos, e em primeiro plano o Presidente da
República, que têm posto e causa o exercício da democracia”.
Simões Pereira espera que na terça-feira, “as
Nações Unidos sejam firmes, sejam muito claras na posição de exigir o respeito
pela ordem constitucional”.
Semelhança com a Gâmbia
O líder do PAIGC vê alguma semelhança ao que passou
na Gâmbia, onde a CEDEAO teve de intervir para repor a legalidade
constitucional, o que, para ele, está a acontecer na Guiné-Bissau.
Frente ao que diz ser a recusa de José Mário Vaz de
respeitar o Acordo de Conacri, no âmbito do qual foi escolhido Augusto Olivais
como primeiro-ministro, segundo Simões Pereira, cabe também à CEDEAO intervir.
“O não reconhecimento dos resultados eleitorais
poria em causa o Estado de Direito e é o que está a acontecer na Guiné-Bissau,
em que há um órgão de soberania, o Presidente da República, que não entende,
nem respeita o facto de outros órgãos de soberania terem autonomia de
funcionamento e de decisão política”, explica Simões Pereira para quem “se o
Presidente não respeita a Constituição e evoca o Acordo de Conacri, é um
convite à responsabilização da comunidade internacional”.
PR quer envolver o exército
Ao atribuir toda a responsabilidade da crise actual
ao Presidente da República, Domingos Simões Pereira acusa-o também de
incentivar a intervenção as Forças Armadas que, no entanto, têm resistido.
O presidente do PAIGC é peremptório ao dizer que
José Mário Vaz “tem feito tudo para envolver o exército nessa crise política,
mas as Forças Armadas não querem se imiscuir porque todo o passado que tem
pendido sobre elas tem funcionado como eventual dissuasor nessa eventual
pretensão”.
Domingos Simões Pereira desloca-se a
Cabo Verde para participar no congresso do PAICV, que começa na sexta-feira,
17.
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